Corrida de Reis
Um frio horrível, toda empacotada
e ainda sonolenta, descemos para Madri. Chegando lá, ainda estava amanhecendo,
já que no inverno, às 8:00 da manhã está escuro. Mas só de chegar e ver as
pessoas que estão na mesma situação que você e estão super empolgadas, já dá um ânimo e o frio começa a
ser só um coadjuvante naquele misto de sensações.
Não sabia com o quanto de roupa
deveria correr (também não pensava em tirar nada, já que o frio era de doer),
levava vestida uma calça de correr no frio que tive que comprar naquela semana,
já que tem uma proteção por dentro, 3 blusas, uma proteção no pescoço e um
casaco “esportivo”. Decidi tirar o casaco e deixar no roupeiro que a
organização disponibiliza para os corredores.
Dada a largada. Eu não fazia
ideia do eram 5 km. Tempo?? Não sei quanto tempo ia levar para correr essa
distância. Antes do primeiro quilômetro já estava morrendo e pensei: “O que eu
estou fazendo aqui??” Passa um vovozinho do meu lado, de short e camiseta
cantando YMCA! Ele levava um mp3 e, possivelmente, estava tocando essa música. Não
é possível, se ele pode, eu também posso! Segui andando, tentando recuperar o
fôlego, mas correr no frio não é fácil. Como a diferença de temperatura entre
seu corpo e o ar de fora é tão grande, seu nariz começa a escorrer, sua
garganta seca e começa a produzir uma secreção que você não consegue engolir o
tempo todo. Corri no meu limite, no meu passo. Aproveitava as descidas para
acelerar, recuperar o fôlego e o tempo. No meio do caminho queria me livrar de
metade da roupa que levava. Um calor que incomodava, mas agora era tarde. Tinha
que ir até o fim. Em todo o percurso, as pessoas gritavam palavras de ânimo e
isso fazia com que você seguisse em frente, sem desistir.
Ver a última subida, já antes da linha de meta deu um misto de alegria e desespero. Aquela subida no fim do caminho era injusta... Mas não tinha opção e aos 35 minutos alcancei a linha de chegada. A sensação?! Eu conseguiiiii!!!
A partir desse dia comecei a
vencer as desculpas que a cabeça arruma e comecei a correr durante a noite aqui
no bairro. Pensa que é fácil chegar em casa, em pleno inverno, trocar de roupa
e sair para correr? Claro que não, mas a sensação de terminar uma
corrida não tem preço!
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